sábado, 3 de setembro de 2011

Dos anos 80 pra cá: a sensualidade nos videoclipes


Hoje em dia quando nós assistimos os videoclipes de Cyndi Lauper, Janet Jackson, Michael Jackson, Madonna ou qualquer outro artista que fazia música pop nos anos 80, percebemos uma grande diferença com os dos artistas atuais. Claro que um dos motivos que se dá essa diferença é a constante "evolução" da tecnologia, aumentando as possibilidades de se fazer videoclipes mais realistas e deixando as produções muito melhores. Também podemos perceber uma grande diferença no modo que se faz as performances do artista nos videoclipes. Quando eu digo performance não estou apenas pontuando a coreografia, mas a maneira como o corpo se posiciona na mini história que o videoclipe produz.

Dos anos 80 até hoje em dia, se passaram mais de 30 anos e claro que nesse tempo algumas coisas na sociedade "mudaram". Se em 1986 Janet Jackson aparecia no videoclipe de Nasty com camisa, casaco e calça fusô, ou seja, com todo o corpo coberto, no ano de 2003, 17 anos depois, Beyoncé aparece nos primeiros segundos do videoclipe de Crazy In Love com uma regatinha e um micro-shorts jeans, detalhe: sem sutiã. Não estou fazendo julgamento de valor com essa mudança no visual delas, e sim apresentando o fato de que em apenas 17 anos o que se pode ou não em videoclipes mudou muito. E se observarmos toda a performance de Beyoncé e Janet Jackson em seus videoclipes, não apenas suas roupas, percebemos que enquanto Janet sensualiza com os rapazes apenas dançando e olhando, Beyoncé se joga no chão, levanta as pernas, fica de quatro e rebola. Não pense que pelo fato da Beyoncé aparecer com menos roupas nos videoclipes significa que ela está apelando sexualmente e a Janet Jackson por aparecer com mais roupas não. O mesmo grupo de pessoas que falam que a Beyoncé e outras cantoras pop usam o corpo pra vender música, falavam isso da Janet, Madonna, Cyndi etc. na época delas, a diferença é que hoje em dia é "permitido" ficar semi-nua em videoclipes e nos anos 80 não.

As formas de expressar sexualidade/sensualidade mudaram ao longo das décadas e com essa mudança os videoclipes também. Não ficamos mais chocados quando vemos uma cantora apenas com sutiã e calcinha de couro em videoclipes e nem ficamos escandalizados quando a cantora aparece aos beijos com outra pessoa, hoje em dia até beijar pessoas do mesmo sexo é permitido. Lady GaGa em LoveGame e Paparazzi aparece beijando mulheres, sensualizando com elas. Isso pode ser considerado apelação pra música fazer sucesso? Pode, claro que pode! Mas isso não significa que a tal apelação existe. O contrário acontecia na década de 80, época em que não se via as cantoras aos beijos com seus amores nem nas músicas românticas.

Enquanto em 1983 Cyndi Lauper no videoclipe de Time After Time aparece sofrendo de amor por um rapaz magro, cabeludo e com postura desajeitada, Katy Perry em 2010 aparece no videoclipe de Teenage Dream em momentos de paixão com um rapaz de corpo atlético, cabelo curto e barba por fazer; e em I'm Into You, videoclipe de 2011, Jennifer Lopez aparece sensualizando com um rapaz de corpo musculoso, braços fortes, postura sensual e que a deixa enlouquecida. O objeto de desejo mudou nos videoclipes, da mesma forma que mudou ao longo das décadas. A busca pelo corpo perfeito, escultural, com o mínimo de gorduras possível, a beleza e saúde andando de mãos dadas, com a beleza sempre por cima.
Engraçado pensar que nos anos 80 um rapaz magricela era objeto de desejo mais que um cara musculoso e que o contrário acontece hoje em dia. Seria a produção de videoclipes na música pop que mudou junto com a sexualidade ou a sexualidade acompanhou a mudança dos videoclipes da música pop? Existe uma relação muito forte entre música pop e videoclipe, sendo impossível um artista pop fazer música nos dias atuais sem uma vinculação com um videoclipe. E essa criação de videoclipes também é usada pra vender coisas, como a Britney Spears que no videoclipe de Circus vende perfume e jóias ou então, pra vender bebida alcoólica, como a Shakira vende em seu Sale El Sol a marca de champagne Freixenet (muitas outras cantoras fazem isso hoje em dia como, por exemplo, Lady Gaga). E se é possível vender esses produtos, fazer suas propagandas, não se é possível também vender a beleza perfeita e corpos bonitos? Vender o tipo de corpo que você tem que ter ou que você tem que buscar. O corpo, a performance do corpo em videoclipes é tão produto quanto champagne ou perfume ou jóias. E hoje, mais do que nos anos 80, o corpo é usado pra isso nos videoclipes.

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